segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Mais uma vez escolhe, embora antes não ouvir
O que disse a intenção daquela noite
O problema não é o que o horóscopo quis
É sentindo que aguça sentido

Passa pão na manteiga, copo na água
Até onde vai sua memória
Cai cedo no teto e tarda em falhar
Não sabe qual via usar

O filho do cisco nasceu ao chorar
Vindo de outras matas não sabe caçar
Tem carga, tem mala, tem alucinação
Cheio de asas só fica no chão
Quem dera ter onde repousar


Há algum tempo que cheirei a flor da pele
Lembro de como o pulmão ficou ao sentir
Querendo prender a respiração pra não mais soltar
Já que tudo isso resultou no inspirar

Há algum tempo que enxerguei a flor da pele
Lembro de congelar os olhos nas pétalas
Querendo conciliar o lindo jeito de desabrochar
Já que embriagava demais com as lagrimas

Há algum tempo que ouvi a flor da pele
Lembro dos ruídos noturnos vindos do balançar
Querendo inventar um vento sem fim pra fluir
Já que pra comover precisa de vibração

Há algum tempo que provei a sua flor da pele
Lembro de entender o efeito que o néctar induz
Querendo aprofundar as escalas de sabores padrões
Já que limites não definem tais sensações

Há algum tempo que toquei a flor da pele
Lembro do contato macio, limpo e tentador
Querendo aprender como seguir para o interior
Já que a trilha é feita pela dor dos espinhos
A simplicidade de uma criança
Interpretado por um ator mentado
Mentindo que em um canto havia um cantor
Que ali dentro do gesto pedia favor

Pedia que o público o ouvisse cantar
Pedia que não fosse pra ser entendido
Senão não havia motivo pra compor
Esse mundo tão mudo de gritar por amor

O peito estufado, doente pelo fato de ser
Filho domesmo de quem plantou a idéia
Criando a assim a atividade de criar
Cultivando assim a origem do repensar

Foi então que o ator percebeu que não estava só
São todos atores, resultado do mesmo pó
Sentiu-se vivo, ouviu uma voz ecoar
Que percebeu que somos muda, não sabemos escutar
Certa vez conversei comigo em silêncio
Percebi que em mim ecoava vocabulário
A conversa, então, pareceu alguém lendo
De um ser para outro desinformado

Logo, a liberdade se tornou ideia velha
Que dava conselhos a uma tristeza sã
Lembrando que só existe agonia nela
E a luz de realidade continuará de manhã

Envergonhei-me do saber escrito
Resultado do esquecimento de quem pensa
Ganhei um amigo sem ter pedido
Notei que toda vida tem sua consciência