segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Tão (Música de Nana)

Sei que é difícil entender
Aceitar o meu mundo desconexo
E por algum segundo querer
Ser meu mundo por completo
O som que ladra não ouve
Só escuta o tempo a rodar
Os quilômetros que não cabem nos olhos
Sabendo que a vida não pode parar
Tão perto e tão distant
Tão aqui comigo e tão lá
Tão meu e tão não
Tão….
Mas um “dente” de esperança
Vem como um tubarão
Futuramente a realidade de um sonho
E a certeza de que nada foi em vão
Me espera, me aguarda, afobe não
Amor surreal.Amor, é natural!
Só deixe que o tempo corra por nós….

Observando o insistente mosquito orbitar a lâmpada, vi-nos, animais como ele. Rondamos um objetivo que borra as vistas e de tanta atração, mata. Dificilmente olhamos ao redor pra descobrir que há mais mundo, já que o deslumbre do brilho é compatível à ganância natural de nossos corações. Seja livre, meu amigo. A liberdade está em ser o espectador da própria vida. A luz que enxerga é só o reflexo de seu ego. Só.

O meu guri (Música de Nana)

Compondo a solidão
Rimando as notas
E complexando seu edipo
Com mulheres tortas

Multiplica sua inteligência
Tentando afogar a saudade
Em lágrimas de um homem que nunca chora
Que sobressalta essa vaidade

Vestindo uma alegria
Que ele desconhece
O meu guri só espairece
N cerveja ou na prece

E lá vem, aí vem meu guri
Com seu sorriso malandro
Compondo de samba à roda
Saudoso, saudade guri

Mas se o frio anoitece
As cordas do violão não aquecem
O Etanol não deu lombra
E as mulheres... esquece!
E aí, meu guri?
Onde esconde teu cru?
Numa dança de bailarina?
Ou você então se vê nu?

Olha mais pra baixo guri
Olha mais pra longe
Lá tem calor diferente de alguém igual
Meu guri, meu homem
Te vejo na cidade antes do carnaval


Toque um Vinícius

Se o amor fugir sem dar bandeira
Quando o sol cruzar suas certezas
Depois do suor pingar a dureza
E no final brindar sua tristeza

Toque um vinil se o tempo deixar

Se sentido não tiver, mas parecer
Quando pensar que pensar é ser
Depois do fundir no entardecer
E o amanhã igual se temer

Toque um vinil se o tempo deixar

Se o samba parar de tocar
Quando a rouquidão abraçar
Depois de uma lata estralar
E uma cerveja a mente limpar

Toque um vinil se o tempo deixar

Imaginei um dia sem poesia
Sem pensar nos porquês de tudo
Descobri: quem vive em fantasia
Com a eterna apatia
Tem mais felicidade no susto
Mais disposição pra culto
Menos pés no mundo
Como a flor pode nascer se não chove lá fora
O sol empurra a noite antes que reine a solidão
O vento insiste e entra mesmo se fecha a porta
Por onde se inventa a sorte frente à ocasião

Algo sempre desamarra o meu cadarço
Algo diz pra respirar então eu faço

A água roda e escorre tranquila no ralo da pia
O alma vibra e você canta a música que pensei
As nuvens despendem pingos de cheiro e de lei
E fogo acerta o estômago quando vê poesia

Algo sempre desamarra o meu cadarço
Algo diz pra respirar então eu faço

Diante do clima de rasgar
Venho molhar pupilas
Trago um maço de vida
Pra te oferecer uma chance
Que antes fora do alcance
Veio por mim visitar

Mergulhe de uma vez
De olhos bem fechados
Com pulmão todo cadeado
Pra não afobar tua sina
Combinar com a agonia
De criar, por ti, leis

O copo humilde e veloz
Assistiu como tu escoou
Escutou o nó que firmou
Foi apenas uma vez
Que fomos o freguês
Do tempo seco entre nós

Ventre

O ventre une e separa nós
Eu só queria vê-la voar
Mas teima em ficar ao chão
É mais fácil de repousar
Vim ao frio pra abraçar
Mas terei que me amar
Ganhar calor dos meus lençóis

Por fora coleciono sóis
Penso em abandonar
Nem o espelho é mais irmão
Esnoba e vai almoçar
O prato fresco requentar
Comer maçã e pecar
Achar bonito ficar a sós