domingo, 7 de outubro de 2012

De que vale

De que vale as tentativas de entender
Se a explicação não quer ficar
Pode ser que o silêncio fique
Exija do coração um palpite
Pra cabeça acalmar

De que vale o domínio das notas
Se nem a vida consegue tocar
Pode ser que a difícil pestana
Exija um pouco mais de gana
Pra dor no punho ajudar

De que vale o diploma na mão
Se o desejo é voar
Pode ser que criar asas
Exija boa dose de graça
Pra tristeza de ser alguém não me dominar

De que vale ser irmão
Se não consegue abraçar
Pode ser que a barriga de egoísmo
Exija mais alguns riscos
Pra poder aproximar

De que vale, então, nascer
Se todo dia é pra acabar
Pode ser que o sentido
Exija da alma um cupido
Pra confundir o que achar

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Certa Vez

O que eu disse quando falou pra ouvir
Não entendi a palavra que podia trazer você aqui
Agora entendo o ego machucado de anjo
Olhando o doloroso redor tentando achar um arranjo
Certa vez encontrei o nada

Lembrei de mãe, do jeito que parecia confusa
Diante de diálogos que feriam sua religiosa luta
Diante de seu filho pensante anormal
Lembrei de mãe, tão doce, que faz do açúcar um simples sal
Certa vez encontrei o nada

Comecei a diagnosticar a esquizofrenia política
O medo e espelho do povo em apontar o que não podia
Já que seus atos não constavam com o que criticava
Mais uma vez percebi que o ser humano, se vivo, se mata
Certa vez encontrei o nada

Certa vez encontrei o nada
Tudo era maior que eu esperava
Certa vez encontrei o tudo
Nada então perdeu a graça

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Primão


A vida sem idade foi sua escolha
O extremo em qualquer pedaço de folha
O respeito e admiração de um menino
Que espelha seus ideais e vícios

Uma incansável palestra a cada conversa
Conquistando loucuras de forma modesta
Argumentando com sua doença sobre o ser
Procurando uma saída pra viver

Mas agora entendi primão
O motivo de não ver seu caixão
É que você não morreu não

Seria capaz de tudo, com uma condição
De alguma forma te encontrar bem loucão
Pra acabarmos outra vez com o Natal
E começarmos mais uma história banal

Mas agora entendi primão
O motivo de não ver seu caixão
É que você não se foi não

sábado, 11 de agosto de 2012

Poema da Ocasião

Um olhar, um bolero, um sorriso lá
Uma espera, outro bolero, um papo pondo olhar
Você cansada de idiotas, eu um idiota a cansar
Feitos bobos, sem dançar, procurando o que não dá pra achar

Sendo o que não pode perto do que não deve, o que queira ser
Atrás de vícios que satisfaçam o que não consegue ter
Transando com palavras, beijando melodias, o que mais se pode querer
Saia subindo, calça descendo, vai acontecer

Mais uma vez, vez ou outra, ele tende a afligir
Ela saiu, calçou descendo, o que faltava pra vestir
Deu medo das palavras, do som dos lábios, de tudo que estava por vir
Uma cabeça na outra, viciados no que são, saia, volte a subir

O coração acelerava, a consciência avisava que isso não tem valor
Atração é mental, amor é marginal, tudo isso num liquidificador
Um ciúme lá, outro cá, aaaah... é o perfume do rancor
Como todo romance, pra funcionar um carro, precisa bem mais que motor

Estamos separados, porém amarrados, como mosquitos num abajur
Uma lâmpada acesa, dois copos sobre a mesa e um leve toque de fêmur
Dançamos sem bolero, olhamos sem um papo, sigamos o múrmur
Atenção, jovens, devagar e urgentemente, vamos de abacur

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Ei rapaz


Ei rapaz, que bela iniciativa tem na carteira
Acha que malandro desmoraliza por bobeira
Crê numa fortaleza judicial, cheio de moral
Pena que não passa de um mascara nobre
Sem pernas, nem cabeça, pra saber o que sofre
Ei rapaz, mas que belo marginal

É, a questão é humana
Pagará n’alguma semana
Seu dia chegará!

Ei rapaz, você perdeu o braço de ferro
No xadrez, não satisfeito, quis castelo
Cuidado com sua ação, nada de “meu irmão”
Nada de punhos nos cotovelos
Peço licença pra um julgamento como de praxe, por medo
Ei rapaz, espero que tenha feito boa refeição

É, a questão é humana
Pagará n’alguma semana
Seu dia chegará!

Ei rapaz, saiba que quem é magoado tem poderes
Que vai muito além dos possíveis quereres
De sua pobre alma, de sua própria palma
Agora, idiota, verá como o corpo corta
Não atirará mais em nenhuma história
Ei rapaz, seus indicadores serão seu carma

É, a questão é humana
Pagará n’alguma semana
Seu dia chegará!

segunda-feira, 19 de março de 2012

Deusculpas

O jornal tá ai para sufocar
Sua saída, mente, jeito e lar
O que você quer e onde vai estar
E ter certeza que não saia da média

A escola ta aí pra catequizar
Como querer ser alguém, como pisar
Esquecem então sempre de reparar
O que o desobediente pode virar

Chega de Deusculpas
A culpa é minha e é sua!
Eu sei, dá vergonha de aceitar
Chega de Deusculpas
Assuma logo sua luta!
E tenha o que se orgulhar

O dinheiro ta aí pra falar
As coisas que ajudarão a te matar
Esquecemos que coração não tem fiança
Esquecemos dos velhos olhos de criança

O amor ta aí pra chantagear
Ser trocado, usado pra magoar
Não honramos mais as palavras
Já que seus significados não têm mais alma

Chega de Deusculpas
A culpa é minha e é sua!
Eu sei, dá vergonha de aceitar
Chega de Deusculpas
Assuma logo sua luta!
E tenha o que se orgulhar

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Pierrot

Que teu afeto me afetou é fato
Vou continuar o jogo de baralho
Mesmo que não aja um vencedor
As vezes penso na vida ao contrário
Pra saber se você está do meu lado
Pois continuo sentindo-me um Pierrot

E a vida vai passando
E o mosaico complexando

Pra ser sincero, prefiro esquecer
A impaciência de amanhecer
Já que a vida é pra querer
Vou amar Paris, até eu morrer!

Agora as cartas boas estão do meu lado
Mesmo sabendo que isso tá errado
Pois já vejo lá fora o amanhecer
Vivo tentando fechar a saída
Pra não sair mais da tua vida
Intransitivar o meu olhar

E os coringas vão passando
E novos ares se instalando

Pra ser sincero, prefiro esquecer
A impaciência de amanhecer
Já que a vida é pra querer
Vou amar Paris, até eu morrer!

Rayo

Menina, que olhar é esse
Que eu não consigo tirar da minha cabeça
É uma mistura de desejo e força
De quem desse caso não quer que eu esqueça

Garota, mas que beijo é esse
Que eu não consigo parar de querer
Uma suruba de sabores sintonizados
Para o nosso bem querer

E se você quer saber o que isso causa em mim
Ampliando nosso jogo, sem susto, nem sufoco
O que vem a seguir?

Olha moça, não tenho nem sou nenhum tom Jobim
Mas do seu afeto quero prenda sem fim
Escuta moça, sua imagem em minha vida foi análoga à de um Rayo
Não digo por ser passageiro, mas pelo brilho avistado

Mulher, mas que corpo é esse
De certo foi lapidado por Deus
Jeitinho gostoso, sabor vicioso
Curvas que matam vários eus

Senhora, perdoe-me a indelicadeza
De lhe chamar assim
Mas sua mente experiente, extremista, equilibrista
Faz-me até sorrir

E o que vai ser de nós, quando atravessarmos mais um jardim
Se estaremos bem juntinhos, matando-se em carinhos
Eu quero é te ver feliz

Olha moça, não tenho nem sou nenhum Tom Jobim
Mas do seu afeto quero prenda sem fim
Escuta moça, sua imagem em minha vida foi análoga à de um Rayo
Não digo por ser passageiro, mas pelo brilho avistado

Leão com libra

Dizem que o homem de libra
É um cara bem vaidoso
Mas vou logo dizendo
Que não ligo pra tantos gostos

Dizem que as leoninas
Gostam de elogios
Graciosa, cheirosa e linda
E lábios que causam arrepios

Dizem que o homem de libra
Tem lábios doces e mágicos
Mas a minha mágina doce
Te quer apenas do meu lado

Dizem que as leoninas
Tem lábio de pólvora
Logo quando ver um doce
Caso for doce, estoura!

E o que irá resultar
Se os dois resolverem se juntar
Se os dois resolverem se gostar
Leão com libra

A astrologia irá confirmar
O que os olhos não querem negar
O que as bocas irão clamar
Leão com libra

Castanho dos teus olhos

Lá vem o sol, abro meus olhos, vejo você
Corpo cansado, sorriso discreto de prazer
Você desperta logo me aperta com pavor
Pedindo "fica comigo, por favor!?"

Mas tenho que deixar o castanho dos teus olhos
Sair por aí, ganhar minha vida e sofrer
Eu sei que um dia nossos olhos se recruzarão
E tudo que aconteceu terá alguma explicação

Lá vai o sol, soco sua porta clamando por você
"Vamos logo, meu amor, não temos tempo a perder"
Pois quando o sol raiar e o castanho se mostrar
Sentirei o seu aperto e direi sem exitar

Tenho que deixar o castanho dos teus olhos
Sair por aí, ganhar minha vida e sofrer
Eu sei que um dia nossos olhos se recruzarão
E tudo que aconteceu terá alguma explicação

Eu folha e você vento

Um amor tão calmo assim, lílás
So não é brando o anseio de te querer
Foi só você chegar e me trazer coisas de paz
Que o inverso do contrário do amor veio e a dor jaz

Me alvoreceu um sorriso
Caí feito anjo na beira do paraíso
Quando o seu violão, dedilhares eu vi
Quisera eu ser de madeira
Pra tuas caricías sentir

Me calei de prazer, te observei, me escondi
Atrás das minhas mãos te fitei, fingi
Prefiri não revelar, mas é hora de contar 
Que deixei de fugir de nós dois
E prever o que estava por vir depois

Quero só viver contigo o amanhecer
Eu folha e você vento
Faz verão no outono aqui dentro
Do raiar até o anoitecer

Nascemos sábios

Sentado hoje comecei a conversar
Com uma velha mulher, que disparava a falar
Orgulhosa do tempo de nova
Sempre dava certo revolução nas suas histórias
Que inveja, senhora!

Questionou a importância da música
Falando que hoje não existe cultura
Logo discordei, meio sem educação
A falta de cultura é cultura, não?
Calma, senhora!

Sinceramente, não consigo entender
Acho que nascemos sábios e burros ao morrer
Honestamente, não preciso perguntar
O que fez hoje pro seu mundo mudar

A conversa devagar se alastrou
Política, drogas, religião e errou
Ecoando algo sobre sua boa educação
Falava-se menos e ouvia mais som
Não, não, senhora!

A boa educação está em respeitar
Por, mastigar, engolir, respirar, falar
Sempre cale se confundir
Pregue a paz até na cabeça antes de ferir
Vamos, senhora!

Sinceramente, não consigo entender
Acho que nascemos sábios e burros ao morrer
Honestamente, não preciso perguntar
O que fez hoje pro seu mundo mudar

Ela achou falta de respeito
Não falou que eu tinha razão, por medo
Medo de arruinar o que construiu
Um papagaio preso no fundo do funil
Que pena, senhora!

Terminei com real respeito por sua época
Gana, arte, ideais, guerra!
Porém, quero ser mais seres
Acredito que divisão, multiplica poderes
Idade é só número, senhora!

Sinceramente, não consigo entender
Acho que nascemos sábios e burros ao morrer
Honestamente, não preciso perguntar
O que fez hoje pro seu mundo mudar

Vamos passar os anos sem o funil aparecer
Sabemos que educação é querer
Portanto, eduque sua mente
Antes que se torne mais um inconveniente
Nunca é tarde, senhora!

Achei que seria fácil ser alguém
Mas o dinheiro traz o "porém"
Como eu estava enganado...
Difícil é eu querer ser gênio sem passado!
Muito obrigado, senhora!

Sinceramente, não consigo entender
Acho que nascemos sábios e burros ao morrer
Honestamente, não preciso perguntar
O que fez hoje pro seu mundo mudar

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Assim como o sangue, de novo apenas circulando
Assim como a água, de novo apenas escorrendo
Assim como a idiota, de novo apenas pra julgar
Assim como o idiota, de novo apenas pra amar

De novo apenas circulando, assim como a idiota
De novo apenas escorrendo, assim como o idiota
De novo apenas julgando, assim como o sangue
De novo apenas amando, assim como a água

Toda palavra, assim como você, é dominada
Toda palavra, assim como você, é mutável
Toda palavra, assim como você, é testada
Toda palavra, assim como você, é leal

Todo domínio, com você, é idiota
Toda mudança, com você, é água
Todo teste, com você, é idiota
Toda lealdade, com você, é sangue

Circula, escorra, julgue, ame, mas não esqueça quem escolheu as palavras.